Professor explica a Bolsonaro porquê funciona o sistema de cotas
por Renato Janine Ribeiro*
PARA OS APOIADORES DE BOLSONARO:
Seu candidato cometeu um erro ao falar das cotas. Disse que um branco pode ser reprovado com 9 no vestibular, enquanto um preto entraria com 5. Isso é impossível.
As cotas funcionam assim, nas universidades e institutos federais:
Metade das vagas são de cotas, metade de competição universal. Os 50% de cotistas são para alunos que vêm do ensino público.
As cotas de negros e indígenas ficam dentro desses 50%. Isto é: eles têm que vir do ensino público (portanto, um preto que vem do ensino pessoal NAO tem recta a quinhão) e correspondem ao porcentual de negros ou indígenas no Estado.
Nos cursos que exigem notas altas para entrar, porquê Medicina, a nota terá que ser subida tanto para o cotista quanto o não-cotista. Isto é: pode ocorrer de um branco, egresso de escola PARTICULAR, não entrar com nota 5,5 – enquanto um BRANCO, vindo de escola PÚBLICA (e portanto cotista),entre com nota 5. Ou que entre um preto, de escola PÙBLICA, mas o exemplo que Bolsonaro deu não existe.
Insisto: as cotas não são somente étnicas ou raciais.
Elas são essencialmente para a ESCOLA PÚBLICA, que é de estão o branco e o preto POBRES.
Não dá para jogar cá o branco contra o preto (ou o indígena).
Mais um oferecido importante: antes de serem criadas as cotas, o ensino superior federalista tinha CEM MIL vagas de ingresso.
Junto com as políticas de cotas, o totalidade de vagas subiu para 230 MIL.
Portanto, os cotistas NÃO TIRARAM VAGA DE NINGUÉM.
Hoje os não-cotistas têm 115 MIL VAGAS, isto é, 15 MIL a mais do que tinham 2002.
*Renato Janine Ribeiro é professor titular de filosofia da USP, observador político e redactor. Foi ministro da Educação do Brasil 2015. Recebeu o Prêmio Jabuti de Literatura 2001, graças à obra “A Sociedade Contra o Social”
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Fonte:Pragmatismo Político