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Maria da Penha vai lucrar proteção do Estado depois ameaças da extrema-direita


41 anos depois de suportar violência e 18 anos depois de dar nome a uma das leis mais importantes da história do Brasil, Maria da Penha terá proteção do Estado em seguida suportar uma série de ataques e ameaças de bolsonaristas e dos chamados “red pills” e “masculinistas”, que se reúnem em comunidades digitais para disseminar o ódio às mulheres

Maria da Penha proteção Estado ameaças extrema-direita

Maria da Penha Maia Fernandes é uma ativista do recta das mulheres

Jamil Chade e Cristina Fibe, UOL

Uma vez mais ameaçada, Maria da Penha vai lucrar proteção, e sua moradia será transformada em um memorial para servir porquê referência no combate à violência contra a mulher.

Maria da Penha vem sofrendo uma série de ataques da extrema direita e dos chamados “red pills” e “masculinistas”, que se reúnem em comunidades digitais para disseminar o ódio às mulheres.

Essa vaga misógina procura se fortalecer com base em fake news ou mentiras que têm porquê base o descrédito da termo da mulher. Por ser um símbolo do combate à violência doméstica no Brasil, Maria da Penha é um de seus principais alvos.

Uma das notícias falsas que passaram a circunvalar questiona as duas tentativas de feminicídio pelas quais o ex-marido dela foi réprobo. Esse exposição mentiroso vai contra todas as informações já comprovadas pela Justiça.

Saiba mais: São Paulo tem recorde de feminicídios em 2023

Diante da situação, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves viajou até o Ceará para tratar tanto com o governador Elmano de Freitas (PT) porquê com a Secretaria de Mulheres. Ficou estabelecido que Maria da Penha vai entrar no programa de proteção a defensoras de direitos humanos e passar a ter segurança pessoal.

Ou por outra, a lar onde ela sofreu a violência, em Fortaleza, vai ser transformada em um memorial. O lugar está alugado, e o projeto era inviabilizado por falta de recursos. A família também precisava vender a lar. O governo do estado, solicitado pela ministra, pediu agora a desapropriação do imóvel e o declarou de utilidade pública.

“A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de seguir comprovando, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram nas mãos de seus atuais ou ex-companheiros, mesmo depois eles terem sido julgados e condenados”, disse a ministra, em declarações.

“Da mesma forma, insiste na falácia de ‘ouvir o outro lado’, ou seja, os agressores condenados, criando uma vaga de ódio e fake news sobre elas e contra elas”, afirmou.

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“É incabível que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos em seguida ter emprestado seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres”, declarou a ministra.

Para Cida, Maria da Penha é “símbolo de resistência e progressão na luta pelos direitos das mulheres”.

“Tenho insistido que é fundamental que todos, sociedade e Estado, reafirmem o compromisso de não revitimizar mulheres vítimas de violência”, defendeu.

“E isso inclui preservar sua história e memória. Esta semana demos um passo fundamental nessa direção. A residência onde Maria da Penha viveu à era das violências, em Fortaleza, vai virar um memorial, com pedestal do governo do estado do Ceará, a pedido do Ministério das Mulheres”, explicou.

“Conversei pessoalmente com o governador Elmano de Freitas, na última segunda-feira (3), sobre a relevância desse memorial em reverência não somente à Maria da Penha, porquê a todas as mulheres brasileiras”, completou.

Ao Uol, Maria da Penha lamentou ter que mourejar com uma vaga de ataques e fake news depois 41 anos das violências que sofreu e 18 da Lei Maria da Penha.

“Porquê se se pudesse colocar em xeque a verdade de fatos ocorridos e a legitimidade das instituições brasileiras, sobretudo da Justiça”, disse.

Ela ainda apontou para o papel da lei criada a partir de seu caso e o que os ataques representam.

“A lei é considerada pela ONU porquê uma das três leis mais avançadas do mundo no enfrentamento à violência doméstica”, disse.

Nesse paisagem, é importante ressaltar que os ataques deferidos à lei não prejudicam somente a mim, mas a todas as mulheres brasileiras, sobretudo aquelas que estão neste momento passando por situações de violência e precisam do base dos serviços de proteção, criados a partir da Lei 11.340/06 e que são fundamentais para que as mulheres possam romper ciclos de violência e ressignificarem suas vidas.
Maria da Penha

Ela, porém, insiste que não se sente sozinha. “O que me fortalece é saber que não estou sozinha na resguardo da lei Maria da Penha. Temos muitas pessoas comprometidas verdadeiramente com esta justificação e isso nos fortalece a cada dia”, afirmou.

Maria da Penha ainda destacou porquê um “sonho” a geração do memorial na lar onde aconteceram as duas tentativas de feminicídio.

“É uma forma de ressignificar esse espaço, tornando-o um lugar que conta a história dos movimentos de mulheres, a minha história de vida e da geração da lei batizada com o meu nome”, disse.

Maria da Penha afirmou estar “sem palavras” diante das emoções vividas nesses últimos dias por pretexto da geração do memorial.

“Vislumbro com esperança a aproximação de ações promissoras para o fortalecimento da luta das mulheres por um mundo livre de violência. É garantindo o recta à memória e à verdade que poderemos edificar um horizonte de justiça”, completou.

O que ocorreu com Maria da Penha

Em maio de 1983, o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros deu um tiro nas costas da cearense Maria da Penha Maia Fernandes, sua esposa e mãe de suas três filhas, enquanto ela dormia. Porquê resultado, Penha perdeu para sempre o movimento nas pernas.

Na estação, o atacante declarou à polícia que sua mansão foi invadida por assaltantes. Essa versão foi desmentida durante a investigação. Quando Maria da Penha voltou do hospital para morada, Heredia a manteve em cárcere privado. Nesse período, tentou eletrocutá-la durante o banho.

Depois a segunda tentativa de feminicídio, Maria da Penha conseguiu levar o caso à polícia. Porquê não havia legislação específica para violência doméstica ou feminicídio, começaria ali um périplo que duraria quase 20 anos.

A falta de respostas do Estado levou Maria da Penha, com base de organizações feministas, a denunciar o Brasil à OEA (Organização dos Estados Americanos). Em 2001, o Estado brasiliano foi responsabilizado por negligência, preterição e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra as mulheres brasileiras. Entre as recomendações ao país, o órgão pedia uma resposta eficiente ao caso e uma reparação simbólica e material a ela.

A seis meses da receita do delito, Heredia foi recluso, réprobo por tentar matar a ex-companheira. Maria da Penha foi indenizada pelo estado do Ceará, e o governo federalista aprovou, em 2006, a lei que leva o seu nome e prevê os crimes de violência moral, psicológica, patrimonial, sexual e física. A Lei Maria da Penha é hoje referência mundial no combate à violência contra a mulher.

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