Please enable / Bitte aktiviere JavaScript!
Veuillez activer / Por favor activa el Javascript![ ? ]
Santa Luzia Empresas - Se guia Comercial Luziense
Email: Senha:    
 
     
Esqueceu a senha??
Você esta em: Home » $title » Industria-farmaceutica-esta-no-caminho-para-produzir-novas-drogas.html


Home

Indústria farmacêutica está no caminho para produzir novas drogas

Indústria farmacêutica está no caminho para produzir novas drogas

Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, diz que o Brasil deixou de copiar remédios e em breve deve começar a descobrir drogas


São Paulo – Nelson Augusto Mussolini atuou em grandes laboratórios farmacêuticos nacionais e internacionais, entre eles Eurofarma e Novartis, ao longo de 30 anos. Há pouco mais de 13 anos ele acompanhou de perto o salto dado pela indústria nacional, que deixou de apenas fabricar genéricos para aplicar nanotecnologia, formulação diferenciada e associar diferentes substâncias nos remédios produzidos aqui. Com os biossimilares, setor em que o governo está orquestrando a união de diferentes empresas, a evolução pode ser ainda maior. ‘Estamos nos preparando para ser um grande produtor de biossimilares’

Qual é o estágio de desenvolvimento da indústria farmacêutica brasileira hoje?

O lançamento dos genéricos capacitou a indústria à qualidade, em conjunto com a expansão do mercado. Mas quando você chega a um determinado patamar, há duas possibilidades: ou avança ou caminha para trás. As empresas seguem essa mesma lógica. Elas tinham os similares, cópias simples, quando passaram a fazer os genéricos com qualidade. Isso as credenciou a um estágio superior, que é desenvolvimento de produtos. Essa evolução ocorreu com a legislação dos genéricos de 1999. Essa mudança fez o Brasil seguir pelo caminho da qualidade, com a Anvisa credenciando os laboratórios a um patamar internacional de produção de medicamentos. Isso alavancou as indústrias a melhorar as drogas através de nanotecnologia, formulação diferenciada ou associação de produtos. Nós deixamos de copiar para fazermos modificações incrementais. Daqui a pouco estaremos no estágio de descobrir drogas. Isso é fato.

O que falta para chegarmos a essa ponto?

O governo está começando a fazer a parte dele ao olhar para a questão do financiamento. O BNDES tem hoje seus programas de financiamento, assim como o Ministério da Ciência e Tecnologia. O governo fala em R$ 8 bilhões para a indústria farmacêutica, sendo R$ 5 bilhões do BNDES e outros R$ 3 bilhões do Ministério. Essa é uma parte da questão que está sendo feita ao incentivar a descoberta de novas patentes. No entanto, temos uma lei de 2003 que regula o mercado farmacêutico e que hoje é uma trava para a inovação.

Se você descobre um método de fazer determinado medicamento usando menos ingrediente ativo, com maior segurança e tecnologia, o governo paga menos por ele porque o preço é baseado na quantidade de ingrediente ativo. Na comparação com um carro, um Mini Cooper teria que custar muito mais barato que uma Kombi. A Kombi, na área farmacêutica, custa mais que o Mini. Nós precisamos repensar e mudar isso. Enquanto isso, em todos os países do mundo onde surgem invenções para o tratamento de doenças, a remuneração continua sendo muito boa durante o período de proteção da patente.

De um lado o acesso ao medicamento poderia ser mais fácil, mas, por outro, qualquer um compra remédio de tarja vermelha ou consegue receita para os de tarja preta. Como balancear essa equação que se transformou em um enorme dilema?

Esse fato nós não encontramos em outros países. Pela legislação, todo medicamento de tarja vermelha não poderia ser vendido sem receita médica. De fato, muitos desses medicamentos não deveriam ter tarja vermelha até para baratear o sistema de saúde. Achamos que a lei da tarja vermelha precisa sofrer alterações. Se você tem um problema gastrointestinal e precisa de um Omeprazol ou Pantoprazol, não deveria precisar de receita médica. Da forma como está, complicamos o sistema. A Anvisa criou há quatro meses um grupo de trabalho para estudar e fazer levantamentos sobre essa questão. Hoje esse sistema é falho.

O governo estuda a desoneração de remédios?

Não. É triste, mas não. A questão tributária trata mal a própria estrutura do Estado. Os poderes executivos e legislativos precisam ter maior sensibilidade para reduzir os custos e ganhar na outra ponta. Reduzir tributo de medicamento é reduzir o custo da máquina da saúde ou permitir que o consumidor possa investir em sua qualidade de vida também. Reduzir o preço do tablet é muito mais interessante do que reduzir preço de medicamento. A França é o país que mais imposto cobra. Sobre o PIB, 44% é a média de arrecadação de imposto, mas sobre medicamentos é apenas 2,1% porque eles concluíram que é melhor uma pessoa saudável pagar 2,1% de imposto sobre medicamento e ser produtiva e conseguir pagar os 44% de outros tributos.

Existe necessidade de manter preço fixo para determinados medicamentos quando os descontos dão flexibilidade a essa regra?

É uma utopia falar que não é necessário ter controle governamental sobre os preços. Há necessidade disso para os produtos com baixa concorrência, mas quando você pega um genérico com 30 concorrentes em sua classe, controlar o preço representa um custo totalmente desnecessário. Agora, quando há um único produto para determinado tratamento, aí sim há necessidade de controle para permitir o acesso. 

Apesar de toda a evolução propagada pelos genéricos para o mercado, eles não trazem um efeito colateral de crise nas empresas que buscam inovação? Alguns balanços recentes chegam a preocupar…

De fato, quando a patente cai acontece um baque dentro das empresas. Elas reduzem as margens e têm queda de rentabilidade. As empresas que não conseguem desenvolver patentes com eficiência e periodicidade sentem mais. Mas elas sabem quando isso vai acontecer e podem se programar para esses ciclos. As transnacionais ganham valor pelo poder de inovação. E aí que surge a necessidade de fusões entre as empresas, já que a cada dia que passa as pesquisas ficam mais caras e os patamares regulatórios são mais exigentes em termos de eficiência ou segurança. Mas as empresas também partem para novos caminhos, como, por exemplo, os produtos biológicos que vão no target da doença. Eles são muito mais caros e apresentam menos efeitos colaterais, mas o dilema é quem vai pagar isso. O privado, sozinho, não consegue pagar. Nos EUA quem está bancando isso são os planos de saúde. Por enquanto, a saída tem sido as fusões ou aquisições de startups de tecnologia com potenciais futuros que reduzem o custo de pesquisa e desenvolvimento. Acredito que as empresas vão cada vez mais segmentar suas atividades, desenvolvendo focos específicos. A Roche focou todo seus esforços em biotecnologia. Daqui 20 anos vamos certamente ter empresas que só cuidam, por exemplo, de câncer de mama. Não há fim desse negócio, mas mudanças de ciclos.

Você citou os biológicos. Hoje estamos em busca dos biossimilares. Qual a capacidade deles no avanço de fronteiras do Brasil frente aos demais mercados?

Exportamos US$ 2 bilhões, mas importamos US$ 10 bilhões. Nos últimos anos a exportação cresceu cinco vezes e a importação quatro, e o o gap ainda é muito grande. Reverter essa conta é muito complicado. Para os biossimilares terem uma fatia razoável é preciso produzir muito. E esse é o problema. A indústria farmoquímica produz em quilos, a indústria farmacêutica vende em miligramas. Então tem que fazer muito para ter mercado. Por isso não teve incentivo para as empresas prosperarem aqui. Agora estamos iniciando efetivamente esse movimento com o governo brasileiro entrando nesse negócio. Já existem 40 PDPs (Parcerias de Desenvolvimento Produtivo) assinadas com empresas nacionais e internacionais, com laboratórios públicos e margens de preferência definidas. O governo entendeu que esse é o caminho para reverter a balança comercial. Nós estamos nos preparando para ser um grande produtor de biossimilares, certamente, mas os resultados não vão surgir em menos de 5 anos.

Há alternativa ao uso de animais para o desenvolvimento de medicamentos?

Cem por cento dos medicamentos e potenciais medicamentos são testados em animais. O beagle, por ser a raça com menor alteração genética, serve como padrão de comparação. Mas o que é melhor? Testar no beagle ou na mãe da gente? Quando há alguém com câncer na família, queremos o tratamento e não nos perguntamos sobre como os medicamentos foram desenvolvidos. E eles precisaram ser testados em animais irracionais na fase 2 e nos racionais na fase 3. Muito se fala em padrões matemáticos, de computação, mas no final do dia você vai ter que testar. É uma questão dura e complicada defender os testes nos animais, mas da mesma forma como existe a ética para os testes nos seres humanos, há um padrão ético para lidar com os animais.

Já estamos próximos de uma definição sobre a Lei de Descarte de Resíduos Sólidos que agora será aplicada aos medicamentos?

Que é necessário cuidar desse descarte, isso não há dúvida. O que é preciso olhar é o grau de cuidado em cima dessa questão. Será que é necessário envolver uma política de descarte para uma solução de água e sal que utilizamos para desentupir o nariz? Ou será que seria mais inteligente e menos oneroso se classificasse os produtos de acordo com o grau de risco ao meio ambiente? O Conama tentou fazer essa classificação no passado, mas isso não foi para frente.

Hoje estão procurando tratar o resíduo de medicamento como outros resíduos que estão por aí. É como se todo medicamento fosse pilha, que você leva para um local apropriado e transforma seus resíduos. O medicamento não funciona desse jeito. Não é possível fazer logística reversa, mas sim uma política de descarte. Ainda não há um modelo bem desenhado. E o custo, quem vai pagar a conta, será definido em um segundo momento. Pela legislação, quem tem a responsabilidade de dar o destino final aos produtos é o próprio poder público. Não dá para apenas o consumidor final pagar, como também não é justo apenas a indústria assumir esse ônus.

O fracionamento de medicamentos não ajudaria a reduzir o custo dessa logística reversa?

A indústria nunca foi contra o fracionamento, mas não estamos preparados para isso. Se isso acontecer a partir de amanhã, os riscos e erros serão muitos. Fracionar não é chegar na farmácia e o atendente picotar o medicamento. Nos países desenvolvidos onde há o fracionamento, as cápsulas estão dentro de uma embalagem maior e, dentro de um ambiente correto e esterilizado, o produto é colocado em outra embalagem, de acordo com a quantidade necessária ao paciente. Para isso seria necessário ter uma vigilância sanitária em outro patamar, presente no ponto de venda. Caso contrário, não vamos resolver nada.

Fonte:Brasil Economico


Todos os direitos Reservados   © - 2024| Hospedado em: Hospedeme  Rss Facebook Siga-me no Twitter You Tube
Desenvolvimento F7 Sistemas
Pinterest